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terça-feira, 27 de abril de 2010

Presente de Leminski: "A lua no cinema"


A Lua no Cinema


A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!


Paulo Lemisnki



Para não dizer que não falei de flores ...

Presto aqui minha homenagem aos nossos irmãos portugueses, pela sua poética revolução ... há 36 anos a República Portuguesa se tornava uma democracia e deixava para trás Salazar e o Colonialismo ... e como símbolo dessa revolução: cravos!

Como fundo, a belíssima composição de Geraldo Vandré, aqui interpretada pelo inigualável Zé Ramalho e que fala justamente sobre os anos de chumbo e de luta, aqui no nosso país ... quando sonhar com flores era efêmero demais, diante da realidade!

Do youtobe: http://www.youtube.com/watch?v=Ir_fS36_DfE

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O tempo, apenas um paradigma incompleto

Há tempos não posto nada e confesso que há tempos não conseguia imaginar sequer o que escrever. Ou será que eu realmente não queria escrever nada, uma vez que a inspiração é um estado de espírito inexplicável e para escrever é preciso muito mais transpiração? Não sei dizer. Na verdade sei menos a cada dia e o tempo cronológico passa e deixa meus paradigmas jogados ao solo. Acredito que até mesmo o sentido da palavra paradigma esteja para mim deturpado, uma vez que a cada dia me deparo com novas e paradoxais situações das quais jamais imaginaria antes deparar. O que fizeram com meus paradigmas? O que eu fiz com meus paradigmas? O tempo seria então um período contado a partir de ponteiros inexatos e que nos traz idade, mas nos leva os padrões que construímos? Não que eu acredite que os seres humanos internamente sigam sempre os mesmos padrões estabelecidos de maneira inconsciente e coletiva, mas ao menos tem em si regras internas e configurações sobre o funcionamento das coisas. Verdade? Pura ilusão: Somos desconfigurados a cada dia e necessitamos de uma nova adaptação, ateando fogo a paradigmas ou ingressando no ostracismo se quisermos mantê-los ...
Não proclamo minha desilusão ao tempo que passa nem aos meus paradigmas incinerados, mas gostaria de um tempo sem ponteiros para me adaptar à nova realidade imposta, mas o próprio tempo se encarrega de nos levar a utopia, ou de nos fazer escondê-la ...
É tempo de mudanças, diz-se ... vou, pois, seguindo essas mudanças e quanto aos meus paradigmas, ora, até o exato momento em que se posiciona o ponteiro eles tentam se manter. Resta saber até quando.


Marcel Duchamp, A fonte