Essa semana, ao arrumar algumas gavetas. me deparei com um recorte de jornal. Eu costumava recortar no jornal tudo que me interessava e guardar em gavetas ou caixas. Depois de um tempo, esses recortes foram sendo esquecidos e amarelados. Eles permaneceram intactos, no entanto.
Especificamente falando do recorte que encontrei, reli e senti algo diferente: um sentimento estranho, algo indescritível. Era uma poesia, da poetisa polonesa Wislawa Szymborska, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 1996. Esse poema, mais comtemporâneo que nunca, é profundamente real e descreve uma situação sob um foco raramente descrito. É um poema chocante e que me tocou há 10 anos quando o li pela primeira vez, tanto quanto me toca agora várias vezes após relê-lo ...
O terrorista, Ele observa
“A bomba explodirá no bar às treze e vinte.
Agora são apenas treze e desesseis.
Alguns terão ainda tempo para entrar;
alguns, para sair.
O terrorista já está do outro lado da rua.
A distância o protege de qualquer perigo.
E, bom, é como assistir a um filme
Uma mulher de casaco amarelo, ela entra.
Um homem de óculos escuros, ele sai.
Jovens de jeans, eles conversam.
Treze e dezessete e quatro segundos.
Aquele mais baixo, ele se salvou, sai de lambreta.
E aquele mais alto, ele entra.
Treze e dezessete e quarenta segundos.
A moça ali, ela tem uma fita verde no cabelo.
Mas o ônibus a encobre de repente.
Treze e dezoito.
A moça sumiu.
Era tola o bastante para entrar, ou não?
Saberemos quando retirarem os corpos.
Treze e dezenove.
Ninguém mais parece entrar.
Um careca obeso, no entanto, está saindo.
Procura algo nos bolsos e
às treze e dezenove e cinqüenta segundos
ele volta para pegar suas malditas luvas.
São treze e vinte.
O tempo, como se arrasta.
Ainda não.
Sim, agora.
A bomba, ela explode”
Wislawa Szymborska
Foto: Essa foto chocou o mundo, quando publicada na imprensa mundial por ocasião do ataque de rebeldes a uma escola em Beslan, na Rússia, no início de setembro de 2004. O rosto da mãe que observa a filha morta é tão indecifrável e profundo como o poema de Szymborska
Especificamente falando do recorte que encontrei, reli e senti algo diferente: um sentimento estranho, algo indescritível. Era uma poesia, da poetisa polonesa Wislawa Szymborska, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 1996. Esse poema, mais comtemporâneo que nunca, é profundamente real e descreve uma situação sob um foco raramente descrito. É um poema chocante e que me tocou há 10 anos quando o li pela primeira vez, tanto quanto me toca agora várias vezes após relê-lo ...
O terrorista, Ele observa
“A bomba explodirá no bar às treze e vinte.
Agora são apenas treze e desesseis.
Alguns terão ainda tempo para entrar;
alguns, para sair.
O terrorista já está do outro lado da rua.
A distância o protege de qualquer perigo.
E, bom, é como assistir a um filme
Uma mulher de casaco amarelo, ela entra.
Um homem de óculos escuros, ele sai.
Jovens de jeans, eles conversam.
Treze e dezessete e quatro segundos.
Aquele mais baixo, ele se salvou, sai de lambreta.
E aquele mais alto, ele entra.
Treze e dezessete e quarenta segundos.
A moça ali, ela tem uma fita verde no cabelo.
Mas o ônibus a encobre de repente.
Treze e dezoito.
A moça sumiu.
Era tola o bastante para entrar, ou não?
Saberemos quando retirarem os corpos.
Treze e dezenove.
Ninguém mais parece entrar.
Um careca obeso, no entanto, está saindo.
Procura algo nos bolsos e
às treze e dezenove e cinqüenta segundos
ele volta para pegar suas malditas luvas.
São treze e vinte.
O tempo, como se arrasta.
Ainda não.
Sim, agora.
A bomba, ela explode”
Wislawa Szymborska
Foto: Essa foto chocou o mundo, quando publicada na imprensa mundial por ocasião do ataque de rebeldes a uma escola em Beslan, na Rússia, no início de setembro de 2004. O rosto da mãe que observa a filha morta é tão indecifrável e profundo como o poema de Szymborska
2 comentários:
Muito legal esse poema, apesar de ser triste, mas fazer o que é a realidade crua e nua nos dias de hj. Parabéns. Vc escreve lindamente. Adoro ler seus textos. Continue assim. T adoro. Bjus.
onde achar mais poemas dessa poetisa?
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